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sábado, 31 de outubro de 2009

Matemática Interessante

Maio de 2009, numa cidade litorânea do RS, muito frio e mar agitado, a cidade parece deserta... Os habitantes, endividados e vivendo as custas de crédito. Por sorte chega um viajante rico e entra num pequeno hotel.

O mesmo saca duas notas de R$ 100,00, põe no balcão e pede para ver um quarto. Enquanto o viajante vê o quarto, o gerente do hotel sai correndo com as duas notas de R$ 100,00 e vai até o açougue pagar suas dívidas com o açougueiro.

Este, pega as duas notas e vai até um criador de suínos a quem deve e paga tudo. O criador, por sua vez, pega também as duas notas e corre ao veterinário para liquidar sua dívida.

O veterinário, com a duas notas em mãos, vai até a zona pagar o que devia a uma prostituta (em tempos de crise essa classe também trabalha a crédito). A prostituta sai com o dinheiro em direção ao hotel, lugar onde, as vezes, levava seus clientes e que ultimamente não havia pago pelas acomodações, e paga a conta.

Nesse momento, o gringo chega novamente ao balcão, pede as duas notas de volta, agradece e diz não ser o que esperava e sai do hotel e da cidade.

Ninguém ganhou nenhum vintém, porém agora toda a cidade vive sem dívidas e com o crédito restaurado, e começa a ver o futuro com confiança!

MORAL DA HISTÓRIA: Quando o dinheiro circula, não há crise!!!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Amor demais faz tão mal quanto amor de menos

O amor é uma necessidade de todo ser vivo. É ele quem mantém acesa a chama da esperança e nos faz acreditar na vida mesmo quando a dor chega. Sem o amor não teríamos forças para viver e sua falta faz-nos sentir incapazes de amar ou ser amado por alguém. Quem recebeu amor sabe amar. Quem não foi amado, tem medo até de falar sobre este sentimento.

Um dos grandes perigos em se tratando de receber amor é o mal que o excesso dele faz na nossa vida. Quem foi amado demais se tornou incapaz de levantar-se depois da queda. Amor em excesso nos paralisa. Faz-nos enxergar a vida com um olhar pequeno, onde nossas vontades devem estar sempre em primeiro lugar. Amar em excesso é semelhante ao ato de aumentar a dose de um remédio, para que o doente se cure mais rápido. Muitas vezes, o resultado é desastroso.

Filhos que foram amados demais se tornaram adultos carentes. Cresceram “embaixo das asas” dos seus pais e hoje não sabem administrar a própria vida. Vivem esperando a aprovação dos outros e se decepcionam quando as coisas não giram ao seu redor. São eternos insatisfeitos, pois aprenderam em casa que o mundo existe para lhes servir. A carência que o excesso de amor traz torna o homem pequeno e incapaz de ser quem ele é.

Os filhos são um presente para os pais, mas todo presente pode se quebrar se não for bem manuseado. Filhos criados com excesso de mimos tornam-se filhos que mais parecem pais dos próprios pais. A disciplina é essencial para a formação do caráter do individuo. Quando o filho tem espaço para fazer em casa o que bem quer e pode, sairá dela sem o mínimo de direção para a própria vida. Disciplina é saber dizer não na hora certa. Negar-se a concordar com tudo o que o filho faz para lhe ensinar que neste mundo dependemos uns dos outros.

A melhor medida de amor a ser aplicada é aquela que permite que o outro seja ele mesmo. Pais devem permitir que os filhos aprendam errando e errem para aprender. Só faz bem feito quem aprendeu a fazer por si só. Conheço um adulto incapaz de ficar no escuro porque enquanto criança seus pais eram coniventes com seu medo da escuridão. Passaram para o filho um sentimento de inferioridade quando poderiam fazê-lo criticar seu medo bobo e tornar-se um adulto sem tal fobia.

Recado importante para os pais: seus filhos precisam de amor, mas cuidado para não amá-los em excesso. O resultado de tal atitude é desastroso, pois gera adultos paralisados, engessados em seus próprios medos. O verdadeiro amor é aquele que nos prepara para a batalha. Ninguém nunca nos disse que viver é fácil e quem foi amado demais talvez pense que o é. Viver é enfrentar desafios e tenho a impressão que só quem foi amado na medida certa tem força suficiente para compreender esta verdade e seguir andando com as próprias pernas.

© Paulo Franklin

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sofrimento no amor

Vendo o sofrimento de quem ama cheguei a três perguntas tão simples quando a dificuldade de a elas se alcançar. Faço-as de forma coloquial:

1) – Sou eu que faço você sofrer?

2) – Ou é você que sofre por minha causa?

3) – Ou, ainda, é você que sofre por sua própria causa?

O que está acima formulado deve ser encadeado para dar, melhor, a idéia da mistura das linhas de sofrimento que se cruzam no amor: sou eu que faço você sofrer?

É você que sofre por minha causa ou é você que sofre por sua própria causa?

Responder a essas perguntas (leva anos) é essencial na relação de amor. A resposta demandará tempo, sofrimento, em cada caso, será diferente. Se encontrada, melhorará qualquer relação. Ou constará o seu termino. Suprimirei a terceira parte da pergunta (”é você que sofre por sua própria causa?”). Ela existe me milhares de casos. Talvez seja o mais freqüente. Quando a pessoa sofre apenas por sua própria causa, o problema fica reduzido a ela, que deve tratar-se ou buscar alguma forma de melhorar.

Independe da relação amorosa, embora sobre ela faça incidir seus resultados. A pergunta ficará então mais simples: “Sou eu que faço você sofrer ou é você que sofre por minha causa?” Dá no mesmo. Depende de quem diga. Se sou eu que faço sofrer, então são os meus atos, atitudes e ações, os geradores do seu sofrimento. Nesse caso, ou mudo, ou continuarei provocando sofrimentos.

Será uma questão de cessar os atos, ações, atitudes ou comportamentos feitos (consciente ou inconscientemente) para provocar sofrimento, por sadismo, egoísmo, incapacidade de perceber as fronteiras da sua tolerância, ou por raiva, vingança, neurose. Se é você que sofre por minha causa, tudo é diferente, embora igual possa parecer.
Os meus atos, atitudes, reações, comportamentos, mesmo sem qualquer intenção ofendem, fazem mal, danificam, fazem sofrer.

Por que? Porque você sofre por minha causa. O sofrimento não é causado por mim. Ele está em você e eu o causo, ou potencializo. Mesmo não desejando ver você sofrer, pelo simples fato de ser como sou, você estará sofrendo. Não sou eu quem faz você sofrer. O sofrimento é causado por mim. Ser o que sou e quem sou, faz você sofrer, irrita de graça, machuca sem querer.

Na vida e na relação do amor, as duas faces dessa realidade misturam-se, interpenetram-se, atrapalham-se. Num par amoroso há atitudes conscientes, e sobretudo inconsciente, feitas para o outro sofrer e uma tendência desse outro de sofrer por causa do parceiro, independente do que ela faça.

Êta bichinho complicado, esse tal de ser humano. =]

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Amores impossíveis



O que torna os amores impossíveis mais bonitos é justamente a impossibilidade. Esta atrai.
A dificuldade nos impulsiona, nos motiva. Exatamente como o perigo. As pessoas gostam de se medir às dificuldades porque têm necessidade de provar que são mais fortes. Assim, quanto mais difícil, mais o amor parece ser grande, excepcional e único. E quem não quer viver algo grande, excepcional e único?!
Num amor impossível cabem todos os sonhos, todas as perfeições, o mínimo detalhe é idealizado. Colocamos na nossa cabeça que aquela pessoa é exatamente o que esperamos da vida, mesmo se tudo parece contra. Ele fica pra sempre, mesmo se outros amores vêm e vão depois... e deixa aquela sensação de inacabado que nos persegue pra sempre.
Creio que no quebra-cabeças da vida é aquela pecinha que fica faltando para completar o todo. E mesmo se as noventa e nove outras estão lá, é aquela que falta, só aquela que deixa aquela dorzinha estranha que a gente não sabe definir, mas que sente de forma tão nítida e clara.
Acontece de um amor impossível tornar-se possível e isso quase sempre rouba a magia do sentimento. Inconscientemente muitos sabem disso, o que leva pessoas a preferirem viver um impossível que dá satisfação que um possível que pode abrir os olhos para a realidade. Porque uma vez que o amor torna-se possível, acaba a expectativa, acaba o sonho... e o homem foi feito pra ter sonhos, pra esperar por eles! O que explica o porquê de uma pessoa amar outra pela eternidade e nunca se declarar, de certos amores virtuais preferirem continuar no virtual.
Um amor impossível pode marcar uma pessoa mais que toda uma vida vivida ao lado de outra. E no outono da vida, quando o passado se faz mais presente que o próprio presente, é aquele amor que vai fazer brilhar os olhos e lembrar ao coração que ele ainda bate.
O impossível é belo!... como o arco-íris, o horizonte, o céu, o infinito!... que mantém acesa a chama no coração do homem e o faz sentir-se vivo.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Falando de Saudades

Todo mundo fala em saudade, e nós adoramos dizer que saudade é uma palavra que não existe em várias línguas (e realmente, “ Mi manchi”, “I miss you”, ou “je te manque” estão longe de expressar, exprimir o nosso “tô com saudades”).

Só que a saudade que sentimos têm variações. Existem as saudades boas e as ruins, as nostálgicas resignadas, e as doídas. E só quem já sentiu cada uma delas, sabe diferenciar uma da outra. Ao falar (escrever) em saudades, lembro de uma música do inesquecível Luiz Gonzaga, regravada pelo Gilberto Gil, chamada “Qui nem jiló”.
Ela diz assim, em um trechinho:

Se a gente lembra só por lembrar
O amor que a gente um dia perdeu
Saudade inté que assim é bom
Pro cabra se convencer que é feliz sem saber
Pois não sofreu
Porém se a gente vive a sonhar
Com alguém que se deseja rever
Saudade, entonce aí é ruim
[...] Saudade assim faz doer e amarga qui nem jiló

Muito legal a letra desta música, daquelas que a gente para pra pensar no que o cara estava falando. Quando fala …"da saudade que a gente “lembra só por lembrar”, Luiz Gonzaga diz que ela é boa, porque não se está sofrendo.
Acredito que não é bem assim. Sim, pois há casos em que não se sofreu mesmo, e há casos em que se sofreu sim senhor, e como! – só que não se está sofrendo mais, e as saudades então nos dão uma nostalgia gostosa. Mas só são capazes de enxergar esses detalhes, só têm capacidade de sentir esse tipo de saudade, as pessoas que conseguem não guardar mágoa e rancor: você lembra das coisas boas, dá aquela saudade gostosa, mas ela não dói justamente porque você não pensa (ou não quer) viver aquilo de novo; você sabe que já foi, que faz parte do passado, e que é bom que seja assim (afinal tem tanta coisa pra gente viver…).
Normalmente a gente sente esse tipo de saudade de anos bons da vida, de lugares em que se viveu, de viagens feitas, de pessoas amigas que perdemos o contato, etc (claro que amores passados precisam de uma dose maior de compreensão e desprendimento, mas também rola).
Mas tem o outro lado da moeda, né? Achei na internet um texto interessante, que diz:

A saudade é um bicho. Pode fazer-se dele um animal de companhia ou uma fera imprevisível e de difícil doma. Em qualquer dos casos a trela deve andar sempre curta e firme porque sem saudade os bichos somos nós. E, se nos arranhar, há que lamber rápido para apanhar ainda o sabor da ferida fresca”.

Para usar a comparação utilizada no texto, a saudade domada é a boa, a que foi citada lá em cima. A indômita (ou o outro lado da moeda da saudade “boa”), é aquela saudade doída, a dor da falta que a pessoa (ou um lugar, ou um grupo de pessoas ou um tempo da sua vida) faz – e no entanto, você sabe que não tem a menor possibilidade de rever aquela pessoa, reviver aquele sentimento ou então reviver aquela época da vida. É doído justamente porque vc ainda não se acostumou com a idéia de que algumas coisas não vão mais se repetir, não vão mais acontecer – só que vc não queria que fosse assim. Saudade doída sempre tem angústia e frustração dentro dela.
Mas ainda não falei da melhor e mais gostosa das saudades, a saudade boa mesmo: aquela com data pra terminar, aquela que a gente pode matar, aquela que a gente sabe que vai matar.
A diferença entre a saudade “doída” e esta última é praticamente a diferença entre gula e fome: enquanto a saudade que eu chamei de doída é quase um estado famélico, a saudade que a gente pode matar é aquela vontade de comer um doce no fim de semana, depois de uma semana inteira de regime, sabe? Sorte daqueles que têm o privilégio de senti-la.
Tem também um outro tipo de saudades, que julgo ser disparado o pior tipo delas: a saudade do que não aconteceu, a saudade do que não foi vivido; aquilo que o incrivel Manuel Bandeira tão bem definiu como ” A vida inteira que poderia ter sido e não foi”; aquela vida que Fernando Pessoa, angustiado, perguntou um dia : “quem escreverá a história do que poderia ter sido?”.
Ah, essa saudade…não tem tempo no mundo que faça passar…
O segredo está em fazer com que, apesar de doída, ela não infeccione; está em aprender a conviver com ela, e aceitá-la como parte de nós. Está em dar um espaço para ela existir, ao invés de sufocá-la e fazer de conta que ela não existe. Não adianta alguém te dizer “você não deve sentir isso”, porque todo mundo sabe que não deve. Só que fingir que ela não existe não a faz desaparecer certo? Porque afinal de contas, como escreveu Mário Quintana,
Somos donos de nossos atos, mas não donos de nossos sentimentos;
Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos;
Podemos prometer atos, mas não podemos prometer sentimentos…
Atos sao pássaros engaiolados, sentimentos são passaros em vôo.
Então, melhor deixá-los voar, melhor colocá-los pra fora – porque assim, eles não nos fazem mal. Certo? Pra quem achou esse texto meio sem pé nem cabeça: acho que ele é mesmo sem pé nem cabeça. Mas quem disse que tudo na vida tem que ser milimetricamente racional e ponderado, certo? Gostei tanto do texto da Lady Rasta, que o trouxe nesta tarde de terça-feira, pra que você pudesse também viajar um pouco…
Um tempo atrás, uma matéria na revista Superinteressante, falava sobre as traduções, mencionava (além da eterna dificuldade na tradução da palavra saudade) uma forma que os ingleses inventaram para descrever o sentimento (obviamente, fazendo uma metáfora):

“Quer saber como os ingleses traduzem a nossa representante na lista?
Pegue nostalgia, desejo intenso, tristeza e afeto, misture tudo, adicione açúcar, sal e uma dose de cachaça, tudo isso enquanto ouve algum samba.”

E ainda dizem que os ingleses são frios. Pois não é que eles pegaram direitinho aquele sentido de “molejo de amor machucado” que toda mulher digna desse nome, segundo Vinicius de Moraes, deveria ter?

© Lady Rasta