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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Relacionamentos

Depois de muito meditar sobre o assunto, concluí que os casamentos (relacionamentos) são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol.

Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal.

Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.

Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzche, com a qual concordo inteiramente.

Dizia ele: "Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: 'Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice?'

Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.

"Scherazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme "O Império dos Sentidos".

Por isso, quando o sexo já estava morto na cama,e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites.

O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer.

Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: "Eu te amo...."

Barthes advertia: "Passada a primeira confissão, 'eu te amo' não quer dizer mais nada."É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética.

Recordo a sabedoria de Adélia Prado: "Erótica é a alma".

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola.

Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir sua cortada - palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar.

O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca.

Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la.

Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra - pois o que se deseja é que ninguém erre.

O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado.

Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...A bola: são nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras.

Conversar é ficar batendo sonho prá lá, sonho prá cá... Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada.

Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é Ter razão e o que se ganha é o distanciamento.Aqui, quem ganha sempre perde.

Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração.

O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor...Ninguém ganha para que os dois ganhem.

E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...

© Rubem Alves

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Gente fina

"Cada um faz o que bem entender com o próprio corpo. Comer com liberdade é um direito e ninguém tem que se sacrificar para atender a um padrão estético, mas que ser magro é melhor do que ser gordo, é.

Pra saúde é melhor, pra se vestir é melhor, pra se locomover é melhor, pra dançar é melhor. Não quer dizer que um gordo não seja feliz. Geralmente, são felizes à beça, mais do que muito varapau.

Mas se fosse possível escolher entre ser magro e ser gordo sem nenhum efeito colateral de felicidade ou infelicidade, sem nenhum esforço, só no abracadabra, todo mundo iria querer ser magro, assim como todo mundo preferiria se cristalizar entre os 30 e os 50 anos. Eu acho. A não ser que eu esteja louca, o que é uma hipótese a considerar.

Porém, melhor que tudo é ser gente fina. Finíssima. Isso nada tem a ver com a tendência atual de ser seca, de parecer um esqueleto ambulante. Gente fina é outra coisa.

Gente fina é aquela que é tão especial que a gente nem percebe se é gorda, magra, velha, moça, loira, morena, alta ou baixa. Ela é gente fina, ou seja, está acima de qualquer classificação. Todos a querem por perto. Tem um astral leve, mas sabe aprofundar as questões quando necessário. É simpática, mas não bobalhona. É uma pessoa direita, mas não escravizada pelos certos e errados: sabe transgredir sem agredir.

Gente fina é aquela que é generosa, mas não banana. Te ajuda, mas permite que você cresça sozinho. Gente fina diz mais sim do que não, e faz isso naturalmente, não é para agradar. Gente fina se sente confortável em qualquer ambiente: num boteco de beira de estrada e num castelo no interior da Escócia.

Gente fina não julga ninguém, tem opinião, apenas.

"Um novo começo de era, com gente fina, elegante e sincera." O que mais se pode querer?

Gente fina não esnoba, não humilha, não trapaceia, não compete e, como o próprio nome diz, não engrossa. Não veio ao mundo pra colocar areia no projeto dos outros. Ela não pesa, mesmo sendo gorda, e não é leviana, mesmo sendo magra. Gente fina é que tinha que virar tendência. Porque, colocando na balança, é quem faz a diferença."

© Martha Medeiros

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Pão com Manteiga

Conta a história que um casal tomava café da manhã no dia de suas bodas de prata.

A mulher passou a manteiga na casca do pão e o entregou para o marido, ficando com o miolo. Ela pensou: "Sempre quis comer a melhor parte do pão, mas amo demais o meu marido e, por 25 anos, sempre lhe dei o miolo. Mas hoje quis satisfazer meu desejo. Acho justo que eu coma o miolo pelo menos uma vez na vida". Para sua surpresa, o rosto do marido abriu-se num sorriso sem fim e ele lhe disse: "Muito obrigado por este presente, meu amor... Durante 25 anos, sempre desejei comer a casca do pão, mas como você sempre gostou tanto dela, jamais ousei pedir!"

Moral da história:

1. Você precisa dizer claramente o que deseja, não espere que o outro adivinhe...

2. Você pode pensar que está fazendo o melhor para o outro, mas o outro pode estar esperando outra coisa de você...

3. Deixe-o falar, peça-o para falar e quando não entender, não traduza sozinho. Peça que ele se explique melhor.

4. Esse texto pode ser aplicado não só para relacionamento entre casais, mas também para pais/filhos, amigos e mesmo no trabalho.

PS: Tão simples como um pão com manteiga!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

De braços abertos

Eu não costumava prestar atenção nessas coisas, mas certa vez caiu no meu colo uma dessas reportagens que falam sobre nossa linguagem corporal, e me dei conta de que eu andava mandando um recado muito malcriado para as pessoas com quem eu me relacionava: tinha mania de conversar com os braços cruzados. O problema disso? Segundo os entendidos, todos. Quem cruza os braços demonstra uma certa resistência em se entregar, não está querendo que invadam seus domínios, assinala que não quer muita aproximação. Dependendo do caso, até que os braços cruzados servem mesmo como um bom escudo, mantém cada um no seu quadrado, mas pô, na maioria das vezes, minha alma, silenciosamente, abraçava a pessoa querida com quem eu conversava, por que nem assim eu desamarrava os braços?

Hábito. Um mau hábito. Hoje estou atenta à linguagem corporal e mantenho os braços soltos, e se me descuido sou até capaz de conversar apoiando minha mão no ombro da pessoa, feito uma comadre abusada. Não tenho mais o corpo fechado, estou desprotegida para o que der e vier. Toda essa introdução pra dizer que, mesmo me esforçando para abraçar a vida, ainda tenho um longo caminho a percorrer até chegar à exaltação carnavalesca de Kiki Joachin, o menino de sete anos que foi resgatado dos escombros do Haiti semana passada e que foi responsável pela cena mais doce dessa tragédia infame.

Kiki, morrendo de fome, morrendo de sede, morrendo de medo, morrendo de dor – morrendo –, não esperou nem meio segundo para, fora do buraco, esticar seus braços feito um mestre-sala na avenida, feito um artilheiro que fez seu gol mil, feito o azarão de todas as apostas que conseguiu vencer o campeonato. Driblou todos os prognósticos, viveu. E comemorou imitando o Cristo Redentor, só que com muito mais alegria – santos fazem milagres, mas jamais sorriem, não entendo por quê.

Então, em homenagem ao Kiki, que a gente nunca mais cruze os braços pra nada, a exemplo também de outro menino de sete anos, dessa vez o britânico Charlie Simpson, que se propôs pedalar sua bike por oito quilômetros em volta de um parque para conseguir doações para o Haiti. O tiquinho de gente arrecadou 132 mil libras, cerca de R$ 390 mil.

Descruzando os braços, a gente se desarma e participa mais da sociedade. Se aproveitarem nossa vulnerabilidade para nos atingirem, a covardia será dos outros, não nossa.

© Martha Medeiros

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Mulheres Modernas

Outro dia, a Adriane Galisteu deu uma entrevista dizendo que os homens não querem namorar as mulheres famosas. É isto mesmo.

Quem ousa namorar a Feiticeira ou a Tiazinha? As mulheres não são mais para amar; nem para casar. São para "ver". Que nos prometem elas, com suas formas perfeitas por anabolizantes, silicones e produtos químicos?

As mulheres dançam frenéticas na TV, com formas cada vez mais malhadas, com seios imensos, cabelos sempre lisos, girando em cima de objetos, enquanto os espectadores se sentem apavorados e murchos diante de tanta "perfeição". Os machos estão com medo das "mulheres-liquidificador".

O modelo da mulher de hoje, que nossas filhas ou irmãs almejam ser (meu Deus!), é a mulher-robô, a máquina-de-diversão sem alma, turbinas de amor, as que vivem em boates e baladas eternas e só pensam em suas roupas e formas.

Que parceiros estão sendo criados para estas pós-mulheres? Não os há. E nem elas parecem precisar.

Os homens "malhados", "sarados" geralmente são homens filhos do mesmo narcisismo de mercado que criou estas novas mulheres, e estes não parecem precisar da companhia delas...

A atual "revolução da vulgaridade", regada a axé e funk, parece "libertar" as mulheres. Ilusão à toa.

A "libertação da mulher" numa sociedade escravista como a nossa deu nisso:

Superobjetos. Acham-se livres, mas aprisionadas numa exterioridade corporal e de comportamento que apenas esconde pobres meninas famintas de amor, carinho e respeito. São escravas aparentemente alforriadas numa grande senzala sem grades.

Mas, diante delas, o homem normal tem medo. Elas são "areia demais para qualquer caminhãozinho" e seus ares de "independência" afugentam qualquer pretensão de algo sério.

Por outro lado, o sistema que as criou enfraquece os homens e não permite o nascimento de laços. Eles vivem nervosos e fragilizados, decadentes, lambendo botas, engolindo sapos, sem o antigo charme "jamesbondiano" dos anos 60. Não há mais o grande "conquistador"; não existe mais o valor pela formação de uma nova família.

Ah, que saudades dos tempos das mulheres "normais", "naturais" e "disponíveis"...

Pois bem, com certeza a televisão tem criado "sonhos de consumo" descritos tão bem pela língua ferrenha do Jabor (eu). Mas ainda existem mulheres de verdade.

Mulheres que sabem se valorizar e valorizar o que tem "dentro de casa", o seu trabalho. E, acima de tudo, mulheres com quem se possa discutir um gosto pela música, pela cultura, pela política, pela família, sem medo de parecer um "chato" ou um "cara metido a intelectual".

Mulheres que sabem valorizar uma simples atitude, rara nos homens de hoje, como abrir a porta do carro para elas, andar descalços na praia no entardecer, uma viagem tranqüila a dois para a serra...

Mulheres que adoram receber cartas com sentimentos expressos, bilhetinhos (ou e-mails) românticos, bouquet de flores...

Escutar no som do carro, aquela fitinha velha dos Beegees ou um cd do Kenny G (parece meio breguinha)...mas é tão boooom namorar escutando estas musiquinhas tranquilas!!!

Penso que hoje, num encontro de um "Malhado" com uma "Turbinada" o papo deve ser do tipo:

-"meu"... o meu professor falou que posso disputar o Iron Man que vou ganhar fácil!.

-Ah "meu"...o meu personal Trainner disse que estou com os glúteos bem em forma e que nunca vou precisar de plástica.

E a música???

Só se for o "último sucesso (????)" dos Travessos ou "Chama-chuva..." e o "Vai serginho" ou "Créu"???...

Mulheres do meu Brasil Varonil!!! Não deixem que criem estereótipos!! Não coloquem-se em prateleiras!!

Não comprem o cinto de modelar da Feiticeira. A mulher é linda por natureza!!

Curta seu corpo de acordo com sua idade; silicone é coisa de americana que não possui a felicidade de ter um corpo esculpido por Deus e bonito por natureza.

E se os seus namorados e maridos pedirem para vocês "malharem" ou colocarem silicone para ficarem iguais à Feiticeira, fiquem... igual a feiticeira dos seriados de Tv:

Façam-os sumirem da sua vida!!!