Frase do dia
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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A química do amor

O amor é pura química. É o que demonstram algumas pesquisas feitas dentro das áreas de Neurociência e Genética. Por meio de exames, os cientistas já conseguem entender quais e como as áreas do cérebro envolvidas no apego e fidelidade funcionam, e o importante papel que os hormônios exercem em todas as etapas de um relacionamento. As análises mostram que, tanto no amor como na paixão, as áreas ativadas no cérebro são as mesmas. Os hormônios também: oxitocina e vasopressina. O primeiro é associado ao que as pessoas sentem ao abraçar ou beijar alguém por quem nutrem um sentimento muito forte. É também chamado de “hormônio do amor”, tanto é que sua concentração se eleva a 400% durante um orgasmo.

Já a vasopressina, que também é liberada durante o ato sexual e traz sensação de prazer, é um dos hormônios que determina as chances de um casal dar certo ou não. Com esses dados em mãos, os cientistas concluem que o afeto que sentimos por outra pessoa é tão inconsciente como qualquer outro sentimento humano, como sentir fome ou sede, por exemplo. Quando estamos apaixonados, o cérebro “desliga” a amígdala, que é responsável por nossos julgamentos sociais. Os geneticistas acreditam que esse é um processo vital para a continuação da espécie. Na paixão, as áreas ligadas ao juízo crítico são desativadas, então, a pessoa não consegue identificar ameaças. Isso faz com que a pessoa veja menos defeitos no ser amado. Por isso se diz popularmente que ‘o amor é cego, conforme explica o neurocientista André Palmini, da divisão de Neurologia da PUC-RS.

Segundo Palmini, o amor aciona as áreas do cérebro responsáveis pelo sistema de recompensa. Em busca de bem-estar, nos apaixonamos. Mas como a ciência explica o amor? Segundo o neurocientista, aos poucos, essa sensação é substituída por afeto, que aciona outras áreas do cérebro e libera hormônios ligados ao prazer, mantendo os casais juntos.

Assessoria do 5º Congresso Brasileiro de Cérebro, Comportamento e Emoções

domingo, 16 de janeiro de 2011

Filosofia da Água

- A água vai pelo caminho mais fácil

Os mestres dizem: "A água vai pelo caminho mais fácil". Quando vemos um filete de água no quintal ou o curso do rio numa paisagem, é fácil “entender" esta frase. Mas quantos de nós paramos para pensar sobre essa realidade antes de ter lido ou ouvido estas palavras? Que a água vai pelo caminho mais fácil é um fato tão natural e óbvio que não paramos para pensar sobre o que isso significa. Quando observamos nossos próprios comportamentos, temos impressão que gostamos de complicar tudo. Para os sábios orientais, qualquer coisa que exija esforço demais, não é natural. Ou as coisas acontecem naturalmente, sem desgastes, ou a pessoa está atrás de alguma coisa que não corresponde às possibilidades do momento. Se existe esforço excessivo a pessoa pode estar tomada pelo desejo e pela obstinação. E, muitas vezes, para conquistar o objeto de desejo, ela acaba tendo atitudes insensatas como ir pelo caminho de maior atrito e de maior dificuldade. Tudo funciona melhor quando existe afinidade entre os elementos. Numa relação afetiva, na amizade, nas parcerias de trabalho, na ascensão profissional, as coisas funcionam dessa forma. Quando uma pessoa gosta do que faz, é mais fácil progredir. Não há esforço, tudo é gratificante. Quando as pessoas são afins, não há formalidades. As coisas fluem. Não é esforço nenhum para a água descer um terreno em declive e pelos caminhos abertos.

- A água não briga com os obstáculos

Quando a água encontra uma pedra pelo caminho, não fica histérica. Ela não fica lá, parada, dedo em riste, dando aulas de boas maneiras, nem xingando a mãe da pedra. Não vê vantagem nenhuma em perder tempo e energia por causa de um incidente tão sem importância. Existem inúmeras situações no cotidiano - quase todas - que são bobagens, simples pedras de rio. Acontecem muitos incidentes em casa, no trabalho, no trânsito, na escola, no hotel, no restaurante, no cinema, mas poucas situações merecem aborrecimento e atitudes drásticas. Em vez de pensar em coisas pequenas, é melhor nos concentrarmos em coisas importantes. A água do rio vai para o mar, para o grande. É para isso que ela está no fluxo. É isso que importa. O resto são percalços naturais do curso. Tanto quanto o rio tem o propósito de levar suas águas para o mar, nós também temos uma missão de vida a cumprir. Se ficarmos enroscados em cada um dos pequenos aborrecimentos do dia-a-dia, isso só vai envenenar nossa vida. Há um consumo grande de tempo e energia quando nos irritamos e brigamos com as pessoas. Não vale a pena. Se fluirmos como um rio, não haverá nenhum desperdício, nenhuma perda. Nenhuma pedra. Ao contrário, ao fluir, nos sentiremos gratificados e felizes por estar cada vez mais perto da nossa verdadeira natureza e da nossa missão. Sabedoria é agir com suavidade, com diplomacia e não brigar com os obstáculos.

- A água se acumula até achar a borda mais baixa

Ao deparar com um buraco, a água se precipita até o fundo. Se não encontrar saída, ela se acumula e preenche o fosso. À medida que se acumula o nível da água se eleva até encontrar uma borda baixa. Assim, ela sai do buraco e continua seu fluxo. Numa transposição dessa situação para a vida humana, podemos fazer muitas reflexões. A frase "Quando a água cai num fosso, ela se acumula até encontrar a borda mais baixa" pode ser reinterpretada da seguinte forma: "Quando uma pessoa sábia (água) depara-se com uma situação de dificuldade (fosso), ela se interioriza (acumula-se) até que naturalmente encontra a saída mais fácil (borda mais baixa)”. Numa a situação complicada em que não existe solução imediata, o sábio também se acumula, isto é, volta-se para dentro de si em busca de recursos interiores. Faz da adversidade uma oportunidade para ficar quieto, para meditar como está conduzindo seus ideais, quais são seus valores mais importantes e qual é o sentido da sua existência. A água não se agita no fundo do fosso. Ela não fica enlouquecida, não “sobe pelas paredes". Não é da sua natureza a água subir pelas paredes. Ela fica quieta, não gasta energia com nada, apenas se acumula tranqüilamente e espera que a situação apresente uma saída. A água sabe que tudo flui e que é preciso preencher as depressões que encontrar pelo caminho e seguir em frente. Enquanto estiver fluindo, nada barra seu curso. Quando o sábio observa o comportamento da água percebe que a calma e a confiança na vida são essenciais para se encontrar a saída mais fácil - e mais facilmente.

- O que mantém a vida da água é o fluxo

Os mestres taxistas perceberam que tudo na vida é fluxo, tal qual a água. Se a vida é mutação, ciclo e impermanência, então a vida só poderia ser fluxo. Ou ainda, a vida só se mantém por causa do fluxo. "Fluir" não quer dizer apenas "correr", "se deixar levar", "tocar em frente", "continuar a vida". Fluxo também é isso, mas é muito mais do que isso. Fluxo é entrar e sair. É circular, fazer um ciclo, beneficiar. É aproveitar o que é necessário e eliminar o que não serve mais. Como na digestão. A vida precisa fluir. Assim como a retenção de água no organismo causa problemas à saúde, a retenção de valores, ideias, conceitos, sentimentos negativos, apegos e ilusões, também fazem mal para nossa saúde psicológica. O fluxo é necessário não só para abrir espaço para o novo, mas também para que todas as coisas à nossa volta sejam beneficiadas. Permitir o fluxo é beneficiar. Impedir o fluxo é prejudicar, é sinal de egoísmo, de apego. Se represarmos um riacho para ter água apenas na nossa propriedade, prejudicaremos a vida de tudo e de todos que vivem rio abaixo. O fluxo da água ensina que precisamos ser desprendidos. Precisamos ter uma postura de desapego tanto para as coisas boas como a sorte e a riqueza, quanto para as coisas ruins como os ressentimentos e a tristeza. Porque tudo é mutável e impermanente. Porque tudo na vida, como a água, é fluxo.

- O oceano é grande porque fica no lugar mais baixo

Ao perceberem que o oceano é grande porque ocupa a posição mais baixa, os taxistas chegaram à conclusão que só é grande aquele que é humilde. A água não se esforça para ficar nos lugares mais altos.A água é o melhor exemplo do que significa servir. Ela irriga a terra, alimenta as plantas e os animais, serve de habitat para peixes e outras criaturas, embeleza os céus com as nuvens, serve como base líquida do sangue e das secreções. Tudo isto em silêncio, com humildade. A missão da água é servir. Assim como a água, os antigos sábios também se viam como canais, como veículos de transmissão da sabedoria que haviam aprendido com seus mestres e com a Natureza. Sabiam que eles eram apenas instrumentos da Natureza e que só existe uma única missão nesta vida: servir. Era nesta humildade que estava (e está) a grandeza dos sábios. Podemos trabalhar em qualquer atividade, mas a missão será sempre a mesma: servir. E servir significa beneficiar, usar nosso talento e nossos conhecimentos para colaborar para o desenvolvimento da humanidade. O tirano subjuga a população, o verdadeiro estadista serve ao povo. O arrogante é pequeno porque só quer vantagens pessoais, o sábio é grande porque é humilde e deseja o bem de todos. Esta é uma das mais belas lições morais que os chineses aprenderam com a água.

- Existe uma única água no mundo

A água que hoje alimenta e beneficia tudo o que existe na Terra é a mesma desde a sua formação. Ao beber um copo de água, não se bebe apenas água. Bebe-se todas as memórias da água e toda a história do planeta. A água que bebemos hoje já foi chuva, rio e oceano. Já foi gelo da Era Glacial, sangue do Homem de Neanderthal e lavou as mãos de Pôncio Pilatos. A percepção do ciclo da água levaram os chineses à ideia de unicidade,e, como consequência, a um sentimento de reverência. A água, para eles, não é só sábia, mas, especialmente, sagrada. Como tudo. Para os sábios, assim como a água é uma só, tudo no mundo é uma coisa só. E tudo é sagrado. A unicidade da água mostra que nada está isolado, nada está fora do todo e tudo forma uma única realidade. Nada é imprestável ou sem função. A nuvem, o rio, a neve, a transpiração, a lágrima, a chuva, todas as manifestações da água têm função. Em essência, nada e ninguém é melhor do que outra coisa ou outra pessoa. Tudo e todos merecem o mesmo respeito, a mesma reverência. A partir da unicidade, os sábios orientais desenvolveram o conceito de compaixão. A água nos mostra a ligação de todas as coisas, que todos os fenômenos são a manifestação de uma coisa só, de uma coisa que é sagrada, transcendente.

Texto retirado do Livro: A Sabedoria da Natureza/Roberto Otsu