Frase do dia
Related Posts with Thumbnails

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Como o mundo moderno tornou a felicidade uma meta (quase) impossível

... aqui estou eu, diante de uma estante de livros que vai do teto ao chão, tão cheia que não há um só espaço vazio, e penso: Nem um único livro que eu queira ler.
Depois passo às torres de CDs, que, apesar do tamanho e da divisão seletiva em clássico, jazz, world music e rock para adultos, não contém uma única música que mereça ser tocada. Evidentemente, tenho de procurar estímulo em outro lugar. Consulto o guia de restaurantes, bares e diversão de Londres, provavelmente a mais variada coleção de críticas de restaurantes do mundo, com capítulos substanciais sobre uma das 22 principais cozinhas regionais e nacionais...

A solução talvez seja ir mais longe em busca da mais pura e completa bem-aventurança de uma temporada de férias no Exterior. Mas os sites só provocam descrença e indignação....

Agora olho meu rosto no espelho... Como isso foi acontecer com um jovem hippie dos anos 1960? Especialmente a um que ainda não desfrutou plenamente a variedade sexual prometida à geração da Paz e do Amor? Sem falar de todas as novidades que surgiram nesse campo. Alguém pode afirmar ter vivido uma vida plena sem ter experimentado sexo grupal, sadomasoquismo e um transexual pré-operado? Isso é loucura, naturalmente.

... somos muito informados, muito sofisticados, muito irônicos, muito espertos, muito pré-tudo para usar uma palavra tão gasta e fora de moda como “felicidade, que provocaria uma expressão sarcástica de um filósofo, um romancista, um poeta ou um taxista, embora todos eles com certeza almejem secretamente a experiência. Muitos podem alegar que a vida fede – mas ninguém quer se sentir um merda.

... na prática é tão difícil encontrar um testemunho útil à felicidade quanto uma teoria convincente. Diferentemente de seu oposto, a depressão, a felicidade é avessa a definições ...

Talvez nem seja possível ser feliz conscientemente. Talvez esse estado só seja percebido, retrospectivamente, depois que o perdemos. Jean-Jacques Rousseau foi o primeiro a elaborar essa ideia: “A vida feliz da Idade de Ouro foi sempre uma condição estranha à raça humana, seja por não tê-la reconhecido quando poderia tê-la desfrutado, seja por tê-la perdido quando poderia conhecê-la”. Em outras palavras, se você a tem, não pode ter consciência dela; e, se você está consciente dela, não pode tê-la.

... outra hipótese é de que a felicidade não seja um estado, mas um processo, uma luta contínua. Aristóteles a definiu como uma atividade. O romano Marco Aurélio, mais direto, ligou-a à luta...

... apenas os substitutos da felicidade – sucesso, fama, status, riqueza, diversão, alegria – podem ser perseguidos, embora o nível mais baixo da felicidade, o contentamento, talvez possa ser alcançado diretamente...

... portanto o absurdo da felicidade reside no fato de que sua discussão, ou mesmo sua mera menção, cria constrangimento; de que ela é impossível de definir ou medir; de que não pode ser conquistada plenamente – na melhor das hipóteses só de maneira intermitente e inconsciente – e pode até se transformar no seu oposto se perseguida diretamente, mas muitas vezes se revela inesperadamente quando se busca outra coisa.

... mas outro axioma útil é que a definição de um problema é o começo de uma solução. Ter maior consciência dos problemas pode ser uma maneira de atingir indiretamente um subproduto milagroso: a felicidade! ....

© Michael Foley
trechos do livro A Era da Loucura

Nenhum comentário:

Postar um comentário